sexta-feira, 10 de outubro de 2014

Ensino Superior Brasileiro, avanços e obstáculos.

     Nos últimos anos o Brasil vem tendo mudanças estruturais no que diz respeito ao ensino superior. No ensino público vimos a implementação das cotas, o Reuni – plano de Restruturação e Expansão da Universidade Pública – que deu origem ao projeto dos BI's, e o incentivo a adesão do ENEM/SISU como entrada na Universidade. No ensino privada a mudança mais significativa foi os programas, ProUni e FIES, uma forma de financiar o estudo daqueles que até então não tinham perspectiva de entrar na Universidade, a pesar de considerarmos que o ensino tem que ser público e gratuito mas, levando em conta o contexto educacional que vivemos onde uma parcela muito pequena de nossos jovens estão dentro da Universidade e o ensino público ainda não comporta a todos, este é um projeto de muita relevância para a inclusão do jovem no ensino superior. Mudanças posi tivas, mas que junto com sigo trouxe alguns obstáculos a serem superados e que também ainda não são suficientes para acabar com algumas práti cas que prejudica a qualidade do ensino e subverte o real senti do de se ter um ensino superior em nossa sociedade. 
      Essas mudanças no ensino superior proporcionou um novo perfil de estudantes que entram na universidade, estudantes que antes não ti nham perspec va alguma de cursar uma graduação, junto a isso e observando a realidade socioeconômica de nosso país, esses estudantes começaram a ter problemas em permanecer. Sabemos quão dura é uma jornada universitária, ainda mais para aqueles que “não eram para estar lá”, pois a universidade sempre foi pensada para a elite brasileira, são inúmeros gastos e ainda exige uma dedicação quase que exclusiva para poder aproveitar e absorver tudo aquilo que a universidade tem a oferecer, tempo e dinheiro que nem todos tem condições de bancar, temos uma desigualdade muito grande e muitas vezes se tem que escolher entre trabalhar, mesmo em condições precárias de subemprego, para poder se sustentar e garan tir o hoje, ou fazer um sacrifício enorme, muitas vezes passando grandes dificuldades para poder manter os estudos, isso se agrava ainda mais quando a universidade preterida não está na região em que o estudante mora e ele tem que ir morar em uma cidade “desconhecida”, as dificuldades são em dobro. Por visualizar essa realidade entendemos que é de suma importância cada vez mais o investi mento nas poli ticas de assistência ao estudante na Universidade, para garanti r que esses estudantes tenham condições de permanência na universidade e que promovam também que o aluno possa ter acesso ao tripé do ensino superior, ensino, pesquisa e extensão. Com o processo de inclusão do jovem trabalhador e menos favorecido economicamente uma das ações que foram tomadas foi a inclusão dos cursos noturnos, para flexibilizar os horários de ensino e o estudante possa trabalhar durante o dia, porém não veio junto toda a estrutura e funcionamento como durante o dia, no que diz respeito a pesquisa e extensão, funcionamento das bibliotecas, dos colegiados e outras ins tuições que contribuem para o desenvolvimento do aluno no ensino superior, se tornando um ensino deficitário. Consideramos de 
extrema importância que seja garan tido o ensino noturno e com toda a estrutura que se tem durante o dia, para que o estudante possa se desenvolver plenamente na Universidade. A expansão universitária proporcionou que se criasse milhares de novas vagas e cursos novos nas ins tuições de ensino e novas ins tuições de ensino também em regiões que até então não ti nham nenhuma, um pequeno passo para a universalização do ensino público superior porém, sofremos no que diz respeito ao material humano disponível para suprir essa nova demanda. Por falta de professores e Técnicos administra vos, o estudante se depara por várias dificuldades ao longo de sua vida acadêmica, seja por não conseguir pegar as matérias desejadas e necessárias, seja por ter um processo enjesaado na ins tuição, que além da burocrati zação ainda tem o problema por falta de pessoal. Problema esse que não é só o estudante que é a tingido mas os profissionais também, que sofrem por excesso de demanda e até precarização do trabalho. Apoiamos sim o expansão universitária, principalmente a pública, como vem sendo feita, porém exigimos a contratações de pessoal equivalente a demanda que será aumentada, nem mais nem menos. Apesar desses mudanças, algo que ainda carece de ser combati do é a mercan lização do ensino e seu caráter tecnicista. Cada dia que passa a educação está sendo subme da a lógica empresarial e está sendo desenvolvida com um proposito pró-mercado, indo de frente com todo o senti do que é ter uma Universidade. Uma universidade é para o desenvolvimento intelectual da população para que possam 
contribuir e retribuir para a sociedade e seu desenvolvimento, com um ensino críti co e libertador. Para combater isso, precisamos cada vez mais de uma universidade fora dos muros, que dialogue com a comunidade ao redor, e invista cada vez mais no terceiro setor, o setor social. Não podemos mais criar profissionais que entra na universidade e vê apenas uma lógica nela, que é um grande degrau para a ascensão social. 
   Por causa destes mo tivos e muitos outros que não foram expostos, que é de extrema importância a organização estudantil l e da juventude, para que juntos possamos interferir e contribuir para os rumos da educação brasileiro e de nosso futuro, não podemos nos ausentar de ter interferência naquilo que irá definir as pessoas que nos tornáramos amanhã, nós e toda essa juventude que está espalhada Brasil a fora. Vamos juntos, construir um novo Brasil para todos.