sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

A REPRESENTATIVIDADE NEGRA NA MÍDIA BRASILEIRA





Somos um povx de misturas de raças, de multiplicidade de culturas e saberes que se fundem e formam o que hoje é chamado de Brasil, porém a representação negra é negada ou pior estereotipada na mídia tradicional. As negras e negros são apresentadxs como bandidxs nos programas sensacionalistas, nas novelas, seriados e filmes ocupam em sua maioria papéis secundárixs de pouco prestígio social ou são figurantes. Nas revistas de moda o corpx negrx não tem espaço em suas capas e nem se é debatido a estética negra, e nos jornais estão nas manchetes polícias. Sendo que nas mídias tradicionais silencia o racismo que se procede neste país tornando pouco visibilizado.

O primeiro passo seria definir termo mídia e por que este espaço é tão incisivo para manutenção do racismo no Brasil. Apesar de vários conceitos apresentados mídia em comunicação, são os canais utilizados para armazenamento e transmissão de informação. Ela também é usada como sinônimo de meios de comunicação de massa ou agências de notícias. Nesse sentido ela é um suporte de transmissão de mensagens, saberes culturais e valores presentes na sociedade. Porém no que cerne a representatividade negra é um aspecto bastante deficitário, servindo para manutenção  de uma autoimagem depreciativa, ocasionada por uma identidade racial negativa e reforçada pela mídia tradicional brasileira, a qual persevera simbolicamente no ideal de branqueamento ou normatividade branca. No Brasil e nos EUA, duas nações escravistas colonizadas europeus e mantidas pelo trabalho de negros escravos, o branco é sempre o normativo. Nesse sentido a mídia tradicional mantém o mesmo padrão, pois a normatividade se apresenta pela ausência.

A Negação Televisa

Além do aspecto da invisibilidade dos negros e negras na mídia brasileira, o racismo midiático se alastra pela própria negação, prática e manutenção do racismo, exemplificado quando observamos linhas editoriais em favor da redução da maioridade penal, contra ações afirmativas como as cotas raciais ou no desinteresse dos veículos de comunicação por suas causas e ações.

Com isso a presença de negras e negros na Televisão é imprescindível para a construção de uma imagem positiva de si mesmo. “Enquanto as crianças negras permanecerem tendo apenas mulheres brancas e loiras como consideração de beleza, como a Xuxa, elas terão dificuldades em amar suas virtudes físicas”. A ideologia de branqueamento é bastante presente na televisão brasileira. Mas a TV é somente o espelho do racismo e do que Joel Zito Araújo chama "a negação do Brasil", um país que nega sua própria realidade. Ele cita que a ausência do negro na TV ou sua imagem subalterna, quando aparece, são consequências de um preconceito racial gerado pela exclusão social das populações negras do país.

Outras mídias tradicionais na mesma negação

Resultado de imagem para Negro e mídia
Xs negrxs na mídia, inclusive na publicidade, é retratado quase sempre das mesmas formas caricatas: socialmente carente, trabalhador braçal, malandro, vagabundo ou atleta. Também é notório visualizar que o cabelo do negro apresentado na publicidade possui apenas três tipos: black power, ou com trancinhas ou curto quase raspado. Na verdade não existe um padrão para negritude, simples assim. O pior é quando coloca a mulher negra como objeto sexual, principalmente em propagandas de cerveja.


O cinema brasileiro segue o passo das outros meios de comunicação. Num exemplo claro num maiores filmes em relação bilheteria, o longa "Minha Mãe é uma Peça" constava apenas com uma negra que era empregada doméstica, outro filme De Pernas pro Ar o negro era o cozinheiro. E quando o negro tem maior destaque acaba se lançando o mesmo papeis estereotipados como na franquia Tropa de Elite 1 e 2 onde os negros eram policias, moradores da favela ou traficantes de drogas, mas dificilmente protagonizando um personagem que fuja dessas origens.

E nisso a amortizada cobertura de temas arrolados aos negrxs pela grande mídia foi compreendido em 1996 pela revista Raça Brasil, o primeiro veiculo de comunicação impresso, de grande alcance, ofertado ao público negrx. "O Brasil é um país racista, nós observamos e vivemos isso", afirma Conceição Lourenço, editora da Raça, cuja redação é composta só por negrxs. “Nos consideramos que as revistas atuais não atendem os negros porque não são direcionadas a eles. Isso é percebido principalmente na área de estética", completa.


Ação práticas e Soluções

Com tanta dificuldade de penetrar nesses espaços tradicionais, apostar em mídias alternativas como a internet além de ser mais barato (devido a facilidade de se criar um site ou um blog temático) tem uma possibilidade de difusão da mensagem bastante efetiva, o grupo Gelédes utiliza do seu site e seus espaços em redes sócias conseguindo difundir sua mensagem antirracista e feminista. Outra solução é a luta pela democratização da comunicação, já que é sabido que o sinal de televisão e rádio é uma conseção pública e o que é visto nesses meios é um instrumento para manutenção de opressões e um desserviço para sociedade brasileira.


De fato não só o povo negrx, mais as minorias do Brasil precisam sim, de uma comunicação que justifique seu lema democrático e para isso ela precisa ser mais representativa.

TEXTO DE JÔNATAS PEREIRA (KI DELÍCIA) - MILITANTE DO MOVIMENTO NEGRO, PERTENCENTE AO COLETIVO PARATODOS E COLETIVO ABDIAS NASCIMENTO. 

segunda-feira, 9 de novembro de 2015

III ENNUFBA

    O ENNUFBA - Encontro de Negras e Negros, Indígenas e Quilombolas da UFBA, é um espaço de debates e formulação sobre a situação do povo negro e indígena na sociedade, que tem como objetivo além de troca de conhecimento a criação de pautas que melhore as condições de vida desses povos. O ENNUFBA acontecerá nos dias 11, 12 e 13 de Novembro e tem como tema: Perspectivas e Desafios para a Juventude. Contaremos com palestras, mesas de debates e apresentações culturais, além da Feira de Gastronomia e Cultura no ENNUFBA.
     O evento será dividido em mesas, com representantes do poder público e organizações que debatem, problematizam e formulam sobre a questão racial, com temas como políticas de ação afirmativas, religiosidade, violência contra a mulher, demarcação de terras, desmilitarização da polícia e redução da maior idade penal, além de GT's (Grupos de trabalho ) que serão os espaços onde os participantes formularam sobre como podemos fazer o enfrentamento ao racismo/discriminação brasileiro, e sairá a opinião política do espaço. Tendo ainda no encontro os espaço de apresentação cultural, onde irá expor a identidade, costumes e manifestações culturais desse povo, finalizando com uma festa de encerramento que será a Batekoo, evento da cultura negra que invadiu a noite de Salvador. 
     O espaço se propõe a aglutinar a juventude negra  e indígena de Salvador e sair com um manifesto que expresse a opinião política dessa juventude que se empodera cada vez mais. Um manifeste que expresse o quanto a juventude quer quebrar com os laços colonial que ainda insiste em não sair e por o pé na porta, invadi os espaços da cidade e dizer não ao genocídio que é feito nas periferias de nossa cidade.      
       O evento ocorrerá na UFBa ondina, na biblioteca central o correrá as mesas, os GT's ocorrerão espelhados pela praça das artes ocupando os espaços da Universidade e a festa de encerramento no PAF IV.  
Página do ENNUFBA >>> https://www.facebook.com/ENNUFBA-1632777330344075/

quinta-feira, 28 de maio de 2015

vamos a Luta!!

Vivemos uma crise de instabilidade política em nosso país, o que ocasiona em uma disputa do programa político de nação dentro do Governo, principalmente no congresso e no poder executivo. Essa disputa faz-se aparecer políticas antagônicas àqueles ao qual esperávamos e que fomos as urnas para eleger, como a política de austeridade fiscal promovida pelo Ministro da fazenda Joaquim Levy, que atinge principalmente os estudantes, a juventude e a classe trabalhadora negativamente, para priorizar o pagamento dos juros e da dívida pública, a qual ele fez questão de aumentar, dedicando uma porcentagem anida maior do orçamento do Governo para o pagamento dessa dívida e cortando verbas para educação, saúde, programas de infraestrutura e direitos trabalhistas. Nesse cenário em que nos encontramos, vendo nossos direitos e conquista que obtivemos nos últimos anos através de muita luta e suor se perdendo, não podemos nos colar, devemos entrar nessa disputa e lutar por um projeto de Governo e nação ao qual fomos ar urnas eleger e disputar também os rumos do Governo, cumprir nosso dever como cidadão e sociedade organizada contra o ajuste fiscal de Joaquim Levy que veio com os cortes de verbas que tanto está nos prejudicando.
Não podemos nos esquecer também que embora a luta maior seja no cenário macro, a dinâmica interna na universidade tem um peso muito grande em nossas vidas também, com isso, temos que lutar cada vez mais para fortalecer o processo de democracia universitária, para que nós estudantes, sejamos ouvidos em nossos pleitos e tenhamos real participação nas tomadas de decisões na Universidade, não seremos o lado mais fraco da balança, paridade em todos os conselhos entre estudantes, técnicos e professores, isso inclui o orçamento participativo, que em meio a esse contingenciamento de verbas, não seremos mais penalizados ainda.
Nesse sentido, chamamos todos e todas estudantes para junto conosco fortalecer a assembleia de estudantes e travar essa batalha que é de todos nós.
Coletivo Para Todos.

quinta-feira, 7 de maio de 2015

DCE cobra ação da Universidade em relação a agressão do segurança da MAP aos estudantes negros em frente ao RU


Hoje, dia 07/05, O Diretório Central dos Estudantes entregou oficialmente a Reitoria em reunião, um oficio assinado por diversas entidades e diretórios e centros acadêmicos, cobrando providências da mesma em relação a agressão sofrida por estudantes da UFBa e um jovem negro que se encontrava dentro da Universidade, por um segurança da empresa MAP em frente ao RU, jovem que tinha sofrimentos mentais, que logo após a agressão teve várias crises levando a seu posterior falecimento um mês depois. Cobramos um apoio jurídico da Universidade na ação movida por um dos estudantes contra a empresa MAP e também um apoio jurídico a família do jovem que veio a falecer por causa do ocorrido, visto que a Universidade não tinha tomado nenhuma ação sobre o caso além de lançar uma nota de repúdio.  Nessa reunião questionamos também o modelo de segurança que a Universidade utiliza, que reproduz a ação da PM dentro do espaço universitário, seguido de várias opressões, como o machismo, racismo e homofobia.
    Como fruto dessa reunião, o Reitorado encaminhou o jovem a Procuradoria da UFBa para prestar todo o apoio jurídico junto com a Defensoria Pública e solicitou que incluísse a família do jovem para dar a devida assistência. Ação  pretende responsabilizar a empresa pelo ocorrido cujo segurança usou de abuso de poder perante os jovens e agiu de forma desproporcional.
     A lógica que atua a empresa de segurança MAP, patrimonialista, não condiz com o ambiente universitário, agindo muitas vezes de forma opressora, sem contar que em seu corpo de funcionários estão vários policiais que foram expulsos da corporação policial ou reformados, incapazes de seguir a carreira militar. Os seguranças da MAP são acusados de assediar as meninas, de ter posturas homofóbicas e até mesmo racistas, situação que vem sendo denunciada constantemente pelos estudantes. Com isso, a Reitoria junto com o DCE, se comprometeu em realizar um curso de direitos humanos para os seguranças, para agirem de forma mais humanizada, aproximá-los com os estudantes. Sabendo que isso ainda não evitará que continue ocorrendo casos semelhantes, o DCE se compromete em continuar fiscalizando e denunciando essas ocorrências e iremos buscar formas mais eficientes de controle.       

Carta do pai do jovem que faleceu Ofício de apoio jurídicoEntidades que assinam o ofício
     

segunda-feira, 13 de abril de 2015

Manifesto DEVOLVE, GILMAR!




     




Aconteceu hoje, 13 de abril de 2015, pela manhã, na Faculdade de Direito da Universidade Federal da Bahia, em Salvador, uma ação de escracho contra o ministro do Superior Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, pedindo que o ministro “devolva” o processo de julgamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 4650, apresentada pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), que proíbe o financiamento empresarial de campanhas eleitorais e partidos políticos. O ministro se encontra na Faculdade de Direito para participar de uma banca de doutoramento.
Gilmar pediu vistas da (ADI) 4650 no dia 2 de abril de 2014, e passado 01 ano desde então, o processo ainda está travado em suas mãos. Na prática, a (ADI) contribui enormemente à democracia e ao combate à corrupção, pois proibindo que empresas financiem a política esta iniciativa retira o principal ponto de contato entre corruptos e corruptores. Além disso, retira a influência do poder econômico das eleições, favorecendo a igualdade de condições das candidaturas e evitando distorções de representatividade de segmentos sociais.
Existem hoje no congresso diversas propostas de Reforma Política, o ponto que trata do financiamento privado de campanha eleitoral é um dos mais citados, já que esse é um dos principais mecanismos de controle econômico sobre o sistema político.
No STF, a ADI já havia obtido 06 (seis) votos favoráveis e apenas 01 (um) contrário quando Gilmar Mendes pediu vistas, na tentativa de engavetar a proposta. Trata-se de uma ação articulada com os setores conservadores do Congresso Nacional, liderados pelo deputado Eduardo Cunha. Impedem a votação da ADI até conseguirem aprovar o Projeto de Emenda Constitucional (PEC) 352/13 e, assim, constitucionalizar o financiamento empresarial.
É certo que não se pode seguir avançando rumo às transformações sociais e às reformas de base sem modificar as regras do jogo. Essa é a composição mais conservadora do Congresso desde a ditadura militar. E temos visto, na prática, o quanto podemos não só deixar de avançar, mas retroceder com essa composição, e sabemos o peso que o poder econômico tem sobre as eleições e as decisões tomadas em nosso país.
Não há como avançar sem um sistema político livre da influência do poder econômico, dos corruptores e dos corruptos, devemos juntar esforços em torno das campanhas que estão sendo construídas, como a campanha da Coalizão por um projeto de lei de iniciativa popular e da Constituinte Exclusiva e Soberana do sistema político.
Por isso pedimos: Devolve, Gilmar!
ASSINAM ESTE MANIFESTO:
LEVANTE POPULAR DA JUVENTUDE
COMITÊ ESTADUAL DO PLEBISCITO CONSTITUINTE - BAHIA
UJS
COLETIVO PARATODOS
COLETIVO QUILOMBO
COLETIVO KIZOMBA
FORA DA ORDEM
O ESTOPIM
JUVENTUDE REVOLUÇÃO
MARCHA MUNDIAL DAS MULHERES
DCE UFBA
UNE
UEB
ABES
UBES

sexta-feira, 27 de março de 2015

Nota de Repúdio Contra a postura racista e opressora do segurança da MAP

Nós do Coletivo Para Todos viemos por meio desta nota denunciar um ato de racismo que ocorreu no Domingo, dia 22 de Março de 2015; contra um jovem negro que não era estudante desta Universidade e que foi agredido física e verbalmente por um vigilante da empresa terceirizada MAP, onde o vigilante empurrou-o da bicicleta e pisou em sua cabeça pelo fato de o mesmo querer jantar no RU (Restaurante Universitário) do Campus de Ondina, alegando que não iria permitir que o mesmo jantasse no restaurante. Inclusive, sabe-se que o agredido é portador de transtornos psíquicos.
Um jovem negro estudante da universidade vendo o ocorrido foi juntamente com mais alguns estudantes para intervir e também estes foram ameaçados pelo mesmo vigilante, sendo o vigilante que cometia as agressões ameaçou um dos estudantes dizendo que não iria agredi-lo na UFBA, porém que fora da Universidade a conversa era outra e que ele tinha sangue no olho para resolver o problema fora da mesma.
Posicionamentos como este de caráter racista e violento devem ser retratado a ponto de que não ocorra mais, já que os estudantes negros diretamente envolvidos foram responsabilizados pela presença de maconheiros e vagabundos na fala do vigilante que cometia as agressões.
Resolvemos nos posicionar e pedir que os funcionários da empresa MAP receba treinamento e formação adequados pela Universidade como medida de curto prazo para poderem agir de forma correta em relação à casos como este, sendo mais humanos com os estudantes e transeuntes no espaço universitário, não adotando posturas racistas, machistas e violentas; e como medida de longo prazo pedimos que a UFBA crie uma guarda universitária onde a mesma se responsabilize pela segurança no campus não terceirizando o serviço para que os estudantes desta universidade não sejam mais agredidos física e verbalmente por funcionários que trabalham por empresas terceirizadas.
Houve uma reunião na PROAE e foi solicitado que as testemunhas desta comunidade acadêmica que presenciou o fato se pronunciem para que possamos conseguir êxito nesta denúncia e também se posicionem a respeito do ocorrido dando suas respectivas versões para haver apuração dos fatos; os devidos pronunciamentos devem ser protocolados na PROAE.
Salvador, BA. 28 de Março de 2015
Coletivo Para Todos

quinta-feira, 12 de março de 2015

10 ANOS DE COTAS RACIAIS NA UFBA

Hoje, 13 de março de 2015, chegamos a uma data que tem grande peso simbólico e histórico na Universidade Federal da Bahia, completamos 10 anos de cotas. Há exatos 10 anos entravam em sala de aula as primeiras turmas de cotas nessa Universidade, medida que visa reparar a enorme desigualdade social existente no Brasil. 
Historicamente no Brasil, fruto de um país que se manteve por muitos anos em um regime colonial e escravocrata, há uma divisão étnico-racial muito forte e latente aos olhos de qualquer um, de um lado a sociedade branca de origem europeia, herdeira dos engenhos e donos da terra, que sempre esteve em situação de privilégios e do outro a população negra, descendentes de pessoas que foram tirados a força de suas terras e vendidos para serem escravizados, que mesmo com o fim da escravidão lhes foram negados direitos básicos, como moradia, emprego e educação. Um pouco antes da lei áurea ser implementada, foi implementado em 1850 a lei de terras, que estabelece que a população só poderia a partir daquela data ter acesso a terras no Brasil mediante ao pagamento ao estado brasileiro, mesmo as terras que nem sequer havia sido explorada, algo que dificultou a vida dos recém escravos libertos pela lei áurea, que livres, não tinham onde morar, onde trabalhar, nem o que comer, e foram ficar amontados em cortiços feitos em lugares que a elite branca ignorava, originando as favelas que conhecemos hoje, e para sobreviver, foram servi a população que antes o escravizavam, mas agora como homens e mulheres livres os serviam em troca de um salários de subsistência. 
Sobre a educação dessa população, nunca houve. O estado brasileiro sempre tratou com descaso a necessidade de levar educação a esse população, por muitos dos representantes do Governo brasileiro não eram tratados nem como gente, quanto mais como brasileiros detentores de direitos. A 
A política de cotas nas universidades, defendidas durante muitos anos pelo movimento negro brasileiro e de outros países, pretende reparar um grande erro histórico, que foi a escravidão racial, e o posterior descaso do Estado brasileiro racista, que sempre privilegiou uma elite dona dos meios de produção para acessar os espaços de poder, como o mercado de trabalho e as Universidades. Fazemos hoje 10 anos de Cotas na UFBA. Consideramos esta medida uma grande conquista da população negra e oriunda das escolas públicas. Após a aprovação da Lei de Cotas, nº 12.711/2012, além da cor e raça, foram considerados outros critérios para se enquadrar como cotista, como ser oriundo de escola públicas e a renda familiar. 


Reconhecemos que uma efetiva reparação dos problemas decorrentes da escravidão serão resolvidos com mais medidas afirmativas e uma profunda reforma do ensino básico público, na valorização do professor e com investimentos, porém as Cotas representam uma conquista que muda a cada dia o perfil dos universitários brasileiros. A UFBA, situada na cidade mais negra fora da África, Salvador, começa apresentar também na universidade uma importante diversidade sócio-racial e religiosa. 
É um orgulho também a aprovação das cotas nos concursos públicos (LEI Nº 12.990, DE 9 DE JUNHO DE 2014). É notável o aumento de professores e professoras negr@s na Universidade, espaço marcado sobretudo por brancos, não só do ponto de vista representativo mas ideológico, já que nossa ciência ainda apresenta raízes do colonialismo, e poucas vezes discutimos nosso próprio projeto de sociedade e de conhecimento, nossos autores, sobretudo cientistas negros e negras. 
Lembramos e comemoramos esse dia, que é um marco importante na história do Brasil, e continuaremos lutando por mais direitos e mais conquistas para a população negra.


Universidade brasileira sempre foi pensada para uma elite local branca, os filhos homens dos coronéis, para que se preparassem para assumir os espaços de poder, enquanto a população negra, descendestes de pessoas que foram escravizadas só restavam a servidão. Ainda hoje, mesmo com a universalização do ensino público, há uma educação pública básica de baixa qualidade e mais ainda, o mecanismo de entrada na universidade até então é um vestibular excludente, tradicional, pouco reflexivo e avaliativo (Com o ENEM como porta única para a universidade pode-se alterar um pouco essa estrutura), no qual os estudantes que pagam as escolas mais caras tem um maior preparo, mas não para uma educação crítica, mas para passar em uma prova, a cultura e o mercado do vestibular. 
Saudações 


Coletivo Para Tod@s