quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

Nota contra o extermínio da juventude negra

        
    É com grande pesar e solidariedade que recebemos a notícia da chacina ocorrida o dia 06 de fevereiro no bairro do Cabula em Salvador, onde a Rodesp, Rondas especiais, assassinou 12 jovens e deixou mais 3 feridos em uma operação cujo o pretexto era combater suspeitos de um possível assalto a banco.  
    Na versão dos policiais, quando foram averiguar a denuncia de assaltantes a bancos na região, foram recepcionados a tiros pelos jovens e revidaram, o que levou a morte dos jovens. Com esse discurso o ocorrido se enquadra na lei dos autos de resistência, sendo assim o governador Rui Costa disse que não há indícios para a necessidade de afastamento dos policiais militares que participaram da ação , nem muito menos os policiais irão responder pelos seus atos, nem criminalmente nem administrativamente.      A ação foi dada como um sucesso pelo governo e pela secretaria de segurança pública, considerado como ato de bravura pelo Deputado Estadual Soldado Prisco. Mas como uma ação que ceifa a vida de doze jovens pode ser comemorada? Pior ainda, antes mesmo de qualquer esclarecimento concreto sobre o caso! O que acontece é que vivemos em um país que um jovem negro, pobre e morador de periferia é um potencial suspeito por "essência", e ser suspeito no Brasil é um legitimador de mortesmortes nos guetos, favelas, becos e vielas que escondem a população negra de nossa país desde lei áurea, mortes que são tratadas como golaço! nas palavras do governador do Estado. 
   Vale lembrar que a única versão existente do caso é a versão dos policiais, tomada automaticamente como verdadeiras, mesmo sem ter nenhuma comprovação que realmente os jovens iriam cometer algum tipo de crime ou se realmente recepcionaram os policiais a tiros, sendo que cometer qualquer tipo de delito penal a pena prevista em lei não é a morte, e se fosse, os policiais não são responsáveis pelo julgamento muito menos pela aplicação da pena. E ainda ressaltar que dos 10 jovens que foram averiguados os antecedentes criminais, apenas 1 tinha passagem pela polícia e por briga no carnaval.    
   Doze vidas, 12 famílias lesadas e desamparadas pelo Estado, diante de tamanha fatalidade o governador compara ações policiais a gols marcados, trazendo uma incoerência em seu discurso, que no começo do ano disse que não ia tolerar crimes policiais e que queria que os policiais tratassem o jovem, mesmo que esteve cometendo um delito, como um cidadão que tem família e que a mesma o espera de volta para casa, agora grita gol com as mortes de 12 jovens ditos suspeitos de um possível crime. O Coletivo Para Todos se junta nessa luta junto com as famílias que teve seus entes queridos assassinatos, para que acha o total esclarecimento do caso e repudia a ação policial e as declarações do governador RUI, assim como reforça o pedido pelo fim dos autos de resistência e a desmilitarização das polícias.
#JovemNegroVivo
#ContraoExtermínioDaJuventudenegra
#PeloFimDosAutosDeResistência
#PelaDesmilitarizaçãoDaPolícia