terça-feira, 3 de março de 2015

DCE UFBa lança jornada de lutas pela educação pública e democracia universitária

A história da criação da Universidades conta como esse espaço de amplo conhecimento foi conformado para atender aos interesses das elites e não da população brasileira. Com o passar do tempo, regado a muitas lutas protagonizadas pelo povo brasileiro, as Universidades iniciam um processo de transformação no seu sentido de existir.

Nos últimos anos houveram mudanças significativas no pensar e no fazer educação pública superior no Brasil. Saímos da estagnação da construção de Universidades públicas da década de 90 para dar passos largos rumo a expansão universitária a partir dos anos 2000. Com as políticas que apontaram para expansão das universidades federais, tivemos a ampliação do acesso ao ensino superior. Dessas políticas vale a pena chamar atenção para algumas, são elas a política de cotas raciais e sociais, que levou a população negra e pobre a ter um pouco mais de perspectiva de entrada ao espaço de privilégio que são as Universidades, e o REUNI (Programa de Reestruturação das Universidades) que teve como objetivo expandir as Universidades Federais. O último conseguiu colocar em curso a interiorização das Universidades, o que fez diminuir, ainda que de forma pequena, o processo de êxodo da juventude que migrava para as grandes capitais para ter acesso ao ensino superior de qualidade.

A UFBA teve papel fundamental no processo de expansão e interiorização, a criação da UFRB (Universidade Federal do Recôncavo), o desmembramento do Campus de Barreiras, que hoje se conforma como a Universidade Federal do Oeste da Bahia. Atualmente o Campus de Vitória da Conquista (interior da Bahia) IMS/ICAT segue os mesmos caminhos da UFOB, e em breve será a Universidade Federal do Sudoeste da Bahia. No segundo semestre de 2015, será implementado o Campus da UFBA de Camaçari que terá início com os cursos: Bacharelado Interdisciplinar em Tecnologia, Engenharia Ferroviária e Metroviária, Engenharia Aeronáutica, Engenharia Automotiva e Tecnólogo em Logística. Os Bi’s se colocando como uma novo ciclo educacional acadêmico que pode dar resultados ainda não dimensionados por todos e todas nós. Vale lembrar que a UFBA é uma das cinco universidades mais procuradas no país – no ano de 2014, a UFBA foi a 4º colocada no processo do SISU (Sistema de Seleção Unificada).

Infelizmente, o REUNI teve inúmeras contradições na sua implementação, seja por falta de acompanhamento das gestões das reitorias pelo Governo Federal via MEC, mas por outros motivos relevantes como a ausência de contratação de professores e servidores técnicos administrativos ao passo que a entrada de estudantes triplicava nas Universidades, a não finalização de obras de infra-estrutura, e no que tange a vida dos e das estudantes, a falta de compreensão que a expansão deveria ser compassada com políticas que assegurem a permanência de uma juventude caracterizada pela vulnerabilidade socioeconômica. O último fator apontou para a necessidade imediata da criação do Plano Nacional de Assistência Estudantil (PNAES), que tem como objetivo oferecer possibilidades reais e básicas de permanência desses e dessas estudantes de baixa renda, matriculados em cursos de graduação presencial das instituições federais de ensino superior. Dessas necessidades era central resolver a questão da moradia, transporte, alimentação e assistência à saúde.

E a Universidade Federal da Bahia? 



Mesmo pós a criação do PNAES, os recursos direcionados para resolver os problemas objetivos do corpo estudantil carente das Universidades foram insuficientes. No último ano as coisas se acirraram, e passamos por um momento extremamente delicado na Universidade Federal da Bahia. Estamos passando por situações que correm contra a corrente da política de permanência universitária, exemplos como o fechamento do restaurante universitário, atraso das bolsas e redução de sua quantidade, falta de manutenção das residências universitárias, demonstram que assistência estudantil ainda não é prioridade da UFBA.

A falta de um plano de assistência estudantil construído com o corpo estudantil sinaliza que a UFBA ainda dá passos lentos para compreender qual o perfil do novo e da nova estudante que entra na Universidade, uma diversidade que se expressa através da entrada de mulheres, negros e negras, lésbicas, gays, bissexuais, transexuais e travestis. Precisamos ter força para mudar essa realidade!

Obviamente devido aos fatos apontados acima, conjuntamente com a falta de “trato” ao dialogar com assistidos e assistidas pela Universidade, culmina em uma ocupação no fim do semestre letivo 2014.2 na reitoria de bolsistas moradia, alimentação, transporte, residentes, junto com o DCE da UFBa – Gestão Mandacaru. O objetivo da ocupação foi cobrar mais atenção e prioridade da administração central ao problema de permanência estudantil em nossa instituição de ensino, onde tivemos avanços significativos, porém insuficientes. No mesmo caminho das lutas e sentimento de unidade do Movimento Estudantil da UFBA, no início do ano de 2015, com a presença de Cid Gomes (atual ministro da educação), foi realizado um ato na reitoria da UFBA, onde entregamos uma carta ao Ministro com as pautas reivindicatórias do corpo estudantil da UFBA, justamente para dizer que somos contra o corte de 7 bilhões na verba da educação brasileira que já está em curso.

As ações foram um reflexo de que a cada sinal de retrocesso e perda de direitos, conquistados após a Universidades, estar anos de portas fechadas, principalmente para aqueles e aquelas que moram na periferia, do interior do estado, os estudantes se organizaram para dar respostas as velhas e novas necessidades estruturais, fazendo lutas.

Precisamos, de forma interdisciplinar, dos e das estudantes da UFBA para defender uma educação em que estudantes possam decidir quais os caminhos querem para o Ensino Superior Público do Brasil através de uma Jornada pela Defesa da Educação Pública e a Democracia Universitária!

No dia 5 (quinta-feira), a partir das 9 horas da manhã concentre-se nos seus territórios para marchar rumo da Reitoria da UFBA. Dessa vez a semana de calouros e calouras vai ser diferente, e iremos marcar a história com um ato que vai lançar nossa Jornada. O ato será apenas a primeira ação de muitas que ainda vamos fazer juntos e juntas.

Procure o seu diretório/centro acadêmico e/ou procure o DCE da UFBA para saber mais sobre a jornada.

Até a vitória!

Link do evento no Facebook: https://www.facebook.com/events/1382819742035510